 
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
'Pe. Fábio de Melo: Saber finalizar...
"Saber finalizar uma fase da vida requer tanta sabedoria quanto para iniciar."
(Padre Fábio de Melo)
(Padre Fábio de Melo)
Pe. Fábio de Melo: Onde houver um ser humano...
Onde houver um ser humano realizado, nele Deus estará revelado. 
Queiramos isso. Sempre. Até o fim. O fim que nunca tem fim. 
Padre Fábio de Melo. 
Epifania – Pe. Fábio de Melo
Eu desfruto o sagrado dos dias. Sorvo a transcendência com a mesma naturalidade que respiro. Não me esforço para isto. Apenas obedeço aos comandos da alma, à voz calma que em mim clama por ritos santos.
Não me privo de esbarrar em Deus. Eu o experimento quando dobro os joelhos num ritual de prece, mas também quando derramo no prato claro uma concha de feijão escuro. Emociona-me a beleza das coisas. Comove-me a delicadeza divina, gesto generoso de deitar sobre o ordinário de minhas demandas o seu manto sagrado.
É litúrgico viver. É o corpo que declara. Conhece o segredo dos místicos. Rezar o significado das horas, dividir o tempo, estender a renda sobre o altar, cobrir o corpo de paramentos, inspecionar urgências, solicitar a Deus o que desejamos de futuro e adorná-lo com os delicados laços da beleza. A amarra é redentora. É por meio dela que nos explicamos o passado. É miraculoso retornar. O já vivido recebe as abluções que perdoam. Nas águas do rio santo que corre em mim, mergulho minha humanidade. Quaro diariamente o encardido da alma. Exponho ao sol as nódoas que perturbam meu amor-próprio. Exorcizo a tentação de nivelar-me ao imundo do mundo. É necessário viver. Andar na direção de tudo o que me desperta os sentidos. Fomentar o sorriso dos que passam por mim. O esquartejamento das alegrias potencializa sua permanência. Dou-me aos outros sem prejuízo. É eucarístico amar. Tornar-me pão solidário que o outro mastiga para suportar viver. É confortante servir. É léxico divino se encarnando em parcelas humanas, propondo palavras, gritando verbos, inventando adjetivos que restauram a beleza dos que estão negados. É admirável observar. Sobre os altares profanados rostos desfigurados sugerem profecias. São verdades revolucionárias desconcertantes.
Miseráveis imersos em misteriosas alegrias nos desinstalam. Carecem de tão pouco para sorrir. Um caixote à beira da estrada e uma lua no céu. Só isto. Tudo mais é invenção. O espírito livre enlaça os sonhos que o mundo desprezou. O ausente é inventado. O corpo que sonha recebe as recompensas do objeto sonhado. É necessário sonhar. Eleger no coração a fração da existência que ainda não sorveu o ar.
Eu não desisto. O suave respiro do mundo sincroniza meus passos. Dou-me em segredo as anseios do coração indômito. Ele me consome. Sente dobrado tudo que o visita. Foi inoculado com o vírus da melancolia. Não me importo. Sofro de poesia. Sou arauto do Verbo que recebeu na carne o dolorimento da existência. É impossível não crer. As cenas da vida me pulverizam de fé.
A mesa posta não comporta nobreza. A vitualha que está servida em nada me recorda os banquetes que já vi pelo mundo. Mas é minha. É o que tenho. Mais vale a simplicidade que apascenta do que o luxo que desgoverna. Eu aprendi com o tempo. Perder foi essencial. Ganhar também. Depois de tudo ter, saber relativizar o alcançado. Quanta liberdade careço ter para olhar com indiferença minha vitórias. Para os fracassos, também.
A fachada de vidro conduz pela mão a paisagem para dentro da casa. Já não estou só. O gado que rumina ao longe me acompanha. A contemplação gera partilha. As distintas condições se complementam, como se proprusessem soluções aos conflitos do mundo. O gosto do pão com manteiga é acrescido pela cena rural desse lugar a que chamam de Sete Voltas. São bem mais que sete. Eu sei que são. As voltas bem mais que sete me envolvem e me cercam. Estou na casa que moro. Mais que isto. Estou na casa que mora em mim.
O verde ao longe é mastigado pelos animais num movimento que parece nunca terminar. O que aos meus olhos é beleza, para eles é sobrevivência. Sirvo-me de café recém-coado. O negro do líquido preenche o branco da louça. Contemplo o acontecimento. A beleza antecede a saciedade. Os olhos comem antes que a boca. É luminosa a fome. É epifânica, grandiosa, bíblica.
O gado me recorda. Também eu careço ruminar nutrientes. O corpo vazio solicita repasto. Dou-lhe o que pede. É questão de sabedoria. A ancestralidade de minha condição me faz caçador. Para que a alma não se indisponha à beleza, o corpo carece ser alimentado. O sabor se mistura ao que sei sobre mim. A matéria nos encaminha aos labirintos do espírito. Juntamente com o pão trituro o sonho do dia. Almejo me possuir para depois me oferecer. Ser pão no banquete da amizade. É só o que quero. Descobri.
Pe. Fábio de Melo. In: É Sagrado Viver. São Paulo: Planeta, 2012
Fonte: https://perhappinessme.wordpress.com/2014/07/27/epifania-pe-fabio-de-melo/
Não me privo de esbarrar em Deus. Eu o experimento quando dobro os joelhos num ritual de prece, mas também quando derramo no prato claro uma concha de feijão escuro. Emociona-me a beleza das coisas. Comove-me a delicadeza divina, gesto generoso de deitar sobre o ordinário de minhas demandas o seu manto sagrado.
É litúrgico viver. É o corpo que declara. Conhece o segredo dos místicos. Rezar o significado das horas, dividir o tempo, estender a renda sobre o altar, cobrir o corpo de paramentos, inspecionar urgências, solicitar a Deus o que desejamos de futuro e adorná-lo com os delicados laços da beleza. A amarra é redentora. É por meio dela que nos explicamos o passado. É miraculoso retornar. O já vivido recebe as abluções que perdoam. Nas águas do rio santo que corre em mim, mergulho minha humanidade. Quaro diariamente o encardido da alma. Exponho ao sol as nódoas que perturbam meu amor-próprio. Exorcizo a tentação de nivelar-me ao imundo do mundo. É necessário viver. Andar na direção de tudo o que me desperta os sentidos. Fomentar o sorriso dos que passam por mim. O esquartejamento das alegrias potencializa sua permanência. Dou-me aos outros sem prejuízo. É eucarístico amar. Tornar-me pão solidário que o outro mastiga para suportar viver. É confortante servir. É léxico divino se encarnando em parcelas humanas, propondo palavras, gritando verbos, inventando adjetivos que restauram a beleza dos que estão negados. É admirável observar. Sobre os altares profanados rostos desfigurados sugerem profecias. São verdades revolucionárias desconcertantes.
Miseráveis imersos em misteriosas alegrias nos desinstalam. Carecem de tão pouco para sorrir. Um caixote à beira da estrada e uma lua no céu. Só isto. Tudo mais é invenção. O espírito livre enlaça os sonhos que o mundo desprezou. O ausente é inventado. O corpo que sonha recebe as recompensas do objeto sonhado. É necessário sonhar. Eleger no coração a fração da existência que ainda não sorveu o ar.
Eu não desisto. O suave respiro do mundo sincroniza meus passos. Dou-me em segredo as anseios do coração indômito. Ele me consome. Sente dobrado tudo que o visita. Foi inoculado com o vírus da melancolia. Não me importo. Sofro de poesia. Sou arauto do Verbo que recebeu na carne o dolorimento da existência. É impossível não crer. As cenas da vida me pulverizam de fé.
A mesa posta não comporta nobreza. A vitualha que está servida em nada me recorda os banquetes que já vi pelo mundo. Mas é minha. É o que tenho. Mais vale a simplicidade que apascenta do que o luxo que desgoverna. Eu aprendi com o tempo. Perder foi essencial. Ganhar também. Depois de tudo ter, saber relativizar o alcançado. Quanta liberdade careço ter para olhar com indiferença minha vitórias. Para os fracassos, também.
A fachada de vidro conduz pela mão a paisagem para dentro da casa. Já não estou só. O gado que rumina ao longe me acompanha. A contemplação gera partilha. As distintas condições se complementam, como se proprusessem soluções aos conflitos do mundo. O gosto do pão com manteiga é acrescido pela cena rural desse lugar a que chamam de Sete Voltas. São bem mais que sete. Eu sei que são. As voltas bem mais que sete me envolvem e me cercam. Estou na casa que moro. Mais que isto. Estou na casa que mora em mim.
O verde ao longe é mastigado pelos animais num movimento que parece nunca terminar. O que aos meus olhos é beleza, para eles é sobrevivência. Sirvo-me de café recém-coado. O negro do líquido preenche o branco da louça. Contemplo o acontecimento. A beleza antecede a saciedade. Os olhos comem antes que a boca. É luminosa a fome. É epifânica, grandiosa, bíblica.
O gado me recorda. Também eu careço ruminar nutrientes. O corpo vazio solicita repasto. Dou-lhe o que pede. É questão de sabedoria. A ancestralidade de minha condição me faz caçador. Para que a alma não se indisponha à beleza, o corpo carece ser alimentado. O sabor se mistura ao que sei sobre mim. A matéria nos encaminha aos labirintos do espírito. Juntamente com o pão trituro o sonho do dia. Almejo me possuir para depois me oferecer. Ser pão no banquete da amizade. É só o que quero. Descobri.
Pe. Fábio de Melo. In: É Sagrado Viver. São Paulo: Planeta, 2012
Fonte: https://perhappinessme.wordpress.com/2014/07/27/epifania-pe-fabio-de-melo/
Padre Fábio de Melo: Eu na trilha incerta dos meus passos...
 Eu na trilha incerta dos meus passos,
Eu na trilha incerta dos meus passos,
mergulhado no destino imenso dos meus sonhos,
vou percorrendo as estradas do mundo
deitando a toalha branca sobre os altares da humanidade,
e retirando do horizonte profano da vida
a matéria-prima que será sacralizada.
Ele , o tempo e seus movimentos de suas cirandas,
vida que se reveste de cores e estações litúrgicas
que nos convida a celebrar o específico de cada motivo.
Tempo de preparo, de colheita, vida comum, sopro do espírito, tempo de ressuscitar.
Eu, sacerdote das divinas causas;
Ele, sacerdote das humanas razões.
Quando com ele não posso, faço acordo, sorrio com os motivos de suas alegrias e poetizo as tristezas, que de suas mãos se desprendem!
Mas quando com ele posso, ah! Quando com ele posso, eu dele me esqueço e vivo!
vou percorrendo as estradas do mundo
deitando a toalha branca sobre os altares da humanidade,
e retirando do horizonte profano da vida
a matéria-prima que será sacralizada.
Ele , o tempo e seus movimentos de suas cirandas,
vida que se reveste de cores e estações litúrgicas
que nos convida a celebrar o específico de cada motivo.
Tempo de preparo, de colheita, vida comum, sopro do espírito, tempo de ressuscitar.
Eu, sacerdote das divinas causas;
Ele, sacerdote das humanas razões.
Quando com ele não posso, faço acordo, sorrio com os motivos de suas alegrias e poetizo as tristezas, que de suas mãos se desprendem!
Mas quando com ele posso, ah! Quando com ele posso, eu dele me esqueço e vivo!
Padre Fábio de Melo
sábado, 26 de dezembro de 2015
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
"O melhor presente"
O melhor presente que podemos dar aos outros é a nós mesmos, 
 só que  melhorados como seres humanos. 
 Então, ofereça o melhor de si para o outro neste Natal. 
Padre Fábio de Melo
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
sábado, 12 de dezembro de 2015
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