Deus me
dá aos poucos, em partes, dia a dia, em fragmentos. Eu Dele me recebo, assim
como o girassol se recebe do Sol, porque não pode sobreviver sem sua luz. A
flor condensa, ainda que de forma limitada, porque é criatura, o todo de sua
natureza que o Sol potencializa.
O mesmo é
comigo. O mesmo é com você. Deus é nosso Sol, e nós não poderíamos chegar a ser
quem somos, em essência, se Nele não pusermos a direção dos nossos olhos.
Cada vez
que o nosso olhar se desvia de sua regência, incorremos no risco de fazer ser o
nosso Sol o que na verdade não passa de luz artificial. Substituição desastrosa
que chamamos de idolatria.
Uma força
finita colocada no lugar de Deus.
A vida é
o lugar da Revelação divina. É na força da história que descobrimos os rastros
do Sagrado.
Parar os
nossos olhos no humano que nos fala sobre Deus é o mesmo que nos privar do
direito à transcendência. Tudo o que é humano é frágil, temporário, limitado.
Não é ele que pode nos salvar. Ele é apenas o condutor.
Nós somos
como os girassóis. Estamos todos num mesmo campo. Há em cada um de nós uma
essência que nos orienta para o verdadeiro lugar a que precisamos chegar, mas
nem sempre realizamos o movimento da procura pela luz.
Girassol
só pode ser feliz se para o Sol estiver orientado. É por isso que eles não
perdem tempo com as sombras. Eles já sabem, mas nós precisamos aprender. Não
tenha medo deste aprendizado. Disponha o seu coração para a busca deste Sol.
[Trecho
do livro Tempo de Esperas de Padre Fábio de Melo]
Nenhum comentário:
Postar um comentário