sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A bênção...


Ano novo para sermos melhores - Pe. Fábio de Melo

Significado do Ano Novo-Padre Fábio de Melo

Rio- O menino quis saber o significado do ano novo. Tentei dizer. Busquei as frases prontas que são tão comuns à essa época do ano, e prontamente me coloquei a repeti-las. Percebi que ele escutava tudo o que eu dizia, mas sem muito interesse. Ele voltou a insistir. Queria saber se haveria algum sinal que pudesse sinalizar a mudança do ano velho para o ano novo. 
Eu fiquei desconcertado. Eu confesso que o único sinal que me ocorreu foi a famosa queima de fogos que acontece na praia de Copacabana. Não tive coragem de dizer. Apesar da pouca idade, o menino buscava por um significado mais profundo a respeito do tempo. Sem muitos rodeios ele argumentou que não conseguia perceber muito sentido nessa história de ano novo. Ele tinha uma visão prática da vida. E sobre ela me falou. Buscou realidades simples do seu contexto e exemplificou para que eu pudesse entender sua dúvida. O menino estava coberto de razão. Sua visão prática era coerente, lúcida. Não há nada de novo no ano novo. O que muda é o relógio, o calendário, mas a vida continua o seu remanso de sempre. Foi então que busquei extrapolar o seu discurso prático e lhe ofereci algumas porções do meu discurso simbólico. Eu também precisava sobreviver àquela conversa. Não queria sair dela embebido daquela praticidade que poderia ruir minha capacidade de acreditar que existe alguma novidade à minha espera com o romper da nova década. O menino me olhava interessado. Falei sobre o tempo e seus ciclos. Falei da psicologia das horas. 
Argumentei que a demarcação das datas pode ter repercussão nas almas das pessoas. A oportunidade de virar o calendário pode ter efeito positivo sobre aquele que se sente pesado, angustiado, sem esperanças. Comparei o ano velho a uma gaveta que precisa ser limpa. Guardamos muitas coisas desnecessárias. Chega o momento em que precisamos fazer a triagem. É necessário limpar, jogar fora, abrir espaços para coisas novas. Ano novo e gaveta limpa podem ter os mesmos sentidos, sugeri. Toda vez que nós temos a sensação de um novo tempo, é natural que nossas almas sejam invadidas por esperanças. Faz parte do processo humano sofrer de esperanças.A esperança é uma espécie de instinto de sobrevivência. O cansaço dos tempos idos pode dispor o nosso coração à possibilidade de mudanças. É como se houvesse uma saturação. Não queremos mais o peso do passado. Precisamos de outra oportunidade. O calendário novo nos oferece essa sensação. Ao saber que o ano velho está sendo finalizado, é possível que você se encha de expectativas importantes. O menino me olhou com carinho e agradeceu. Voltou para o seu mundo de brinquedos e deixou-me diante da necessidade de conciliar os dois discursos. O prático e o simbólico. Desaforo. O discurso prático parece humilhar o discurso simbólico. Ele resolve porque é dotado de clareza. É lógico, curto, asfixiante. 
E foi assim que recebi o ano novo.Tentando equilibrar os dois discursos dentro de mim. Vez em quando eu me recordo da ótica do menino. Eu não a desconsidero. Ele tem razão. Se a gente não se empenhar na construção de um novo tempo, nada acontecerá. O ano novo será mesmice, repetição de erros, acomodação de posturas, condução medíocre de oportunidades, explosão de fogos que oferece brilho breve, assustadoramente fugaz. Mas não precisa ser assim. Há sempre um motivo novo abscôndito nas velhas estruturas da condição humana. A isso chamamos de evolução, superação. O menino me ajudou com sua ótica. Perdi o medo de ser prático na minha reflexão sobre o tempo. De fato, nada mudou. Mas também não posso deixar de admitir que há um vento suave me conduzindo para o coração do futuro. E assim eu vou. Abraçando o presente, passando o passado, aprendendo com essa dinâmica interessante, inventada por alguém que não sei dizer, que faz o ano velho ser novo de novo. 

Padre Fábio de Melo

Receita de Ano Novo


RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade"Receita de Ano Novo". Editora Record. 2008.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Padre Fábio de Melo - Mensagem de Natal

Estou preparando minha árvore de Natal. 
Quero que ela seja viva, mas não quero que seja exterior. Eu a quero dentro de mim. Tenho medo das exterioridades. Elas nos condenam. Ando pensando que o silêncio do interior é mais convincente que o argumento da palavra. 
Quero que minha árvore seja feita de silêncios. Silêncios que façam intuir felicidade, contentamento, sorrisos sinceros. 
Neste Natal não quero mandar cartões. Tenho medo de frases prontas. Elas representam obrigação sendo cumprida. Prefiro a gratuidade do gesto, o improviso do texto, o erro de grafia e o acerto do sentimento. A vida é mais bonita no improviso, no encontro inesperado, quando os olhares se cruzam e se encontram. Quero que minha árvore seja feita de realidades. Neste Natal quero descansar de meus inúmeros planos. Quero a simplicidade que me faça voltar às minhas origens. Não quero muitas luzes. Quero apenas o direito de encontrar o caminho do presépio para que eu não perca o menino Jesus de vista. Tenho medo de que as árvores muito iluminadas me façam esquecer o dono da festa. 
Não quero Papai Noel por perto. 
Aliás acho essa figura totalmente dispensável! Pode ficar no Pólo Norte desfrutando do seu inverno. Suas roupas vermelhas e suas barbas longas não combinam com o calor que enfrentamos nessa época do ano. Prefiro a presença dos pastores com seus presentes sinceros. Papai Noel faz muito barulho quando chega. Ele acorda o menino Jesus, o faz chorar assustado. Os pastores não. Eles chegam silenciosos. São discretos e não incomodam... 
Os presentes que trazem nos recordam a divindade do menino que nasceu. São presentes que nos reúnem em torno de uma felicidade única. O ouro que brilha, o incenso que perfuma o ambiente e a mirra com suas composições miraculosas. 
O papai Noel chega derrubando tudo. Suas renas indisciplinadas dispersam as crianças, retiram a paz dos adultos. Os brinquedos tão espalhafatosos retiram a tranquilidade da noite que deveria ser silenciosa e feliz. O grande problema é que não sabemos que a felicidade mais fecunda é aquela que acontece no silêncio. 
É por isso que neste Natal eu não quero muita coisa. Quero apenas o direito de recolher o pequenino menino na manjedoura... Quero acolhê-lo nos braços, cantar-lhe canções de ninar, afagar-lhe os cabelos, apertar-lhe as bochechas, trocar-lhe as fraldas para que não tenha assaduras e dizer nos seus ouvidos que ele é a razão que me faz acreditar que a noite poderá ser verdadeiramente feliz. 
Neste Natal eu não quero muito. Quero apenas dividir com Maria os cuidados com o pequeno menino. Quero cuidar dele por ela. Enquanto eu cuido dele, ela pode descansar um pouquinho ao lado de José. Ando desfrutando nos últimos dias o desejo mais intenso de que a vida vença a morte.Talvez seja por isso que ando desejando uma árvore invisível. O único jeito que temos de vencer a morte é descobrindo a vida nos pequenos espaços. Assim vamos fazendo a substituição. Onde existe o desespero da morte eu coloco o sorriso da vida. 
Façam o mesmo!Descubram a beleza que as dispersões deste tempo insistem em esconder. Fechem as suas chaminés. Visita que verdadeiramente vale à pena chega é pela porta da frente. Na noite de Natal fujam dos tumultos e dos barulhos. Descubram a felicidade silenciosa. Ela é discreta, mas existe! Eu lhes garanto!Não tenham a ilusão de que seu Natal será triste porque será pobre. Há mais beleza na pobreza verdadeira e assumida que na riqueza disfarçada e incoerente. 
O que alegra um coração humano é tão pouco que parece ser quase nada. Ousem dar o quase nada. Não dá trabalho, nem custa muito... 
E não se surpreendam, se com isso, a sua noite de Natal tornar-se inesquecível." 
Padre Fábio de Melo

A vitória que vence o mundo, a nossa fé!

“Quem acredita que Jesus é o Messias, nasceu de Deus; e quem ama aquele que gerou, ama também aquele que por este foi gerado. Nisto reconhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos. Porque amar a Deus significa observar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, porque todo aquele que nasceu de Deus venceu o mundo. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé. De fato, quem pode vencer o mundo, senão aquele que acredita que Jesus é o Filho de Deus? Este é aquele que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. (Ele não veio apenas pela água, mas pela água e pelo sangue.) E é o Espírito quem dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade. Portanto, são três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue, e os três estão de acordo entre si. Se aceitamos o testemunho dos homens, com maior razão aceitamos o testemunho de Deus”. 
Celebrar as vitórias nos dias de hoje tem sido um desafio muito grande. Como tem sido difícil ser vitorioso nos tempos atuais. Primeiro, porque nos ludibriaram quanto ao conceito de “vitória”. O mundo nos engana quando pensamos que somente é possível ser feliz quando se tem poder, quando se alcança o sucesso. A Igreja não negligencia quando nos ensina que o Cristianismo não passa pelo sucesso, mas sim pelo amor e pelo perdão. 
 No texto que lemos da Primeira Carta de João, o apóstolo nos ensina aquilo que é agradável a Deus. Estamos aqui, meus irmãos, neste “Hosana Brasil”, porque queremos fazer a vontade de Deus.
Padre Fábio de Melo
 Você precisa descobrir o seu jeito de fazer Cristo transparecer em sua vida. Eu acredito que, quando estivermos diante do Pai, a única pergunta que Ele nos fará será esta: “Quanto você foi parecido com o meu Filho?”. O quanto, meus irmãos, promovemos o amor como Jesus? 
Hoje é o dia de se “colocar a alma no varal”. Como fazíamos lá no interior de Minas. Recordo-me de quando minha mãe alvejava aqueles sacos de arroz manchados com água sanitária e limão. Ela deixava aqueles panos pendurados no varal por dias, para que ficassem bem branquinhos. 
É isto que o Senhor está fazendo conosco neste “Hosana Brasil”. Ele está nos alvejando, pois não estamos prontos. Hoje é início, mas também é fim. Hoje é o dia do Senhor nos alvejar, arrancar as manchas do pecado que trazemos e nos preparar para a vitória. 
Eu e você não sabemos se teremos o dia de amanhã. Só temos o hoje, minha gente! Reconheça que Deus está preocupado com coisas muito maiores. O que Deus quer realmente saber são os frutos daquilo que produzimos. Se você acha que Deus está interessado no seu trabalho, esqueça! Tem gente muito mais competente do que nós. Deus quer “os frutos dos frutos” de tudo aquilo que veio ANTES do seu trabalho. Ele está atento à construção interior que vai acontecendo em nossa vida, por meio das lutas e sofrimentos que vivenciamos. O “Hosana” é o grito dos miseráveis. E somente aquele que se reconhece miserável tem o direito de sentir o gosto da vitória. 
Muitas vezes o Senhor nos carregará em seus braços. Mas também, por inúmeras vezes, o Senhor nos dirá: “Levanta-te e anda!”, ou seja, criemos vergonha na cara, pois quem adora gente preguiçosa é o diabo. Chega de um Cristianismo “morno”! É preciso ser cristão a toda hora. É uma luta. Mas não uma luta amargurada. Meus irmãos, tudo o que tivermos de chorar, choremos aos pés de Jesus. Este ano foi um ano de resgaste em minha vida. Comecei este ano muito cansado. Aquele cansaço terrível que todo o missionário sente ao menos uma vez na vida, quando ele olha para sua agenda e diz: “Meu Deus, eu me sinto vazio e não sei se vou dar conta!”. Mas, quando a Canção Nova me convidou para ir à Jerusalém durante o Pentecostes, eu aceitei por amor ao Eto. Eu não tenho condições de explicar o que aconteceu ali na Terra Santa, pois tenho receio de empobrecer demais o que vivi. Mas posso afirmar que o padre que viajou à Terra Santa, não voltou mais. Algo muito profundo e verdadeiro aconteceu em minha vida, durante a experiência de Pentecostes. E este é o meu grito de vitória neste “Hosana Brasil”. 
Estou sendo padre com muito mais intensidade, amor, fé e alegria graças ao que vivi naquele Pentecostes e que a Canção Nova me proporcionou. Por isso, eu quero oferecer este meu novo CD “Estou aqui” a esta comunidade que eu tanto amo, a Canção Nova. 
Hoje a Palavra de Deus para mim e para você é uma palavra de ordem: “Nunca pare de lutar!”. Eu compreendi que para vencermos as estruturas diabólicas que nos envolvem, jamais podemos parar de lutar. Saiba que é muito fácil o demônio entrar em nossas vidas, o difícil é mandá-lo embora. Não podemos deixar de profetizar, de orar, de lutar pelos nossos filhos vítimas dos traficantes. Não temos o direito de dar sossego a nós mesmos e dizer: “Hoje não! Vou dar um tempo…” Não, minha gente! Não podemos parar de lutar. 
Por isso, estamos aqui: para que Deus nos acorde. Desperta, tu que dormes! Não queremos esquecer de quem somos. Queremos lembrar dos nossos limites e lutar. Não queremos viver entorpecidos. Em tempos de guerra, nunca pare de lutar. Chega de fracasso. Chega de preguiça. Neste tempo de tantas lutas, só há uma coisa reservada a você: a vitória de Deus em sua vida. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Homilia-Padre Fábio de Melo-Canção Nova Sertaneja-24/11/2012


Foto: Maria Andreia/Cancaonova.com

Hoje na liturgia estamos de vermelho, pois celebramos o martírio de Santo Andre Dung-Lac. Eram vietnamitas e foram mortos pois estavam proibidos, de manifestar a fé em Jesus. Eles estavam proibidos de serem “Tão de Deus.”


 Na Capadócia temos a oportunidade de visitar as igrejas subterrâneas, que era lugares que os cristãos se escondiam e não podiam manifestar publicamente a sua fé.Os Cristãos precisavam se esconder para realizarem os seus ritos.Os cristão viveram muitas perseguições, como esse jovem e seus amigo foram mortos por manifestar publicamente a fé em Jesus. ”


Há uma conexão entre aquilo que fazemos publicamente, com o que está na intimidade do nosso coração.Naquele tempo o martírio acontecia com a morte do corpo, para mostrar a todos que não seria tolerado ninguém que pudesse professar a fé em Jesus.

Foto: Maria Andreia/Cancaonova.com
“Martírio é não negarmos Jesus como nosso verdadeiro 
 referencial." 
 Assim aconteceu com os apóstolos. Se a experiência foi verdadeira e foi fecunda, vamos ter fé até o fim. Aquele que ama de verdade é capaz de morrer por aquele que se ama.”

 “A mãe sabe muito bem o que significa a palavra martírio.” Porque você ama aquela criança, você vai ao encontro dela, e se doa. Isso é martírio. O martírio é uma conseqüência natural do coração que ama.


 Eu como Padre preciso despertar a fé no seu coração, despertar a vontade de seguir a Deus. Eu preciso anunciar nos telhados e lutar para que este amor de Deus atinja o seu coração.


 Deus chama a humanidade o tempo todo para esse amor. Ser amado é ser observado. Quando seu filho aprende o amor por você ele começa a olhar o seu jeito de você. E por causa desse amor ele vai fazer de tudo pra ficar parecido com você. “O amor é território do martírio.”

Muitas vezes o que é nocivo a nós é doce no começo, e amargo no final. Nas pequenas coisas, pequenos desafios eu preciso identificar: Onde hoje eu preciso viver o meu martírio? Onde eu preciso honrar essa amizade que digo ter com Jesus?

Confiança, amizade o dinheiro não compra. Amigo de verdade é aquele que você entrega sem medo seu cartão do banco com a sua senha, sem medo de ser lesado. 


 A formação do caráter humano é constantemente um processo de martírio. Como é fácil virarmos vagabundos. Como é fácil nos corrompermos! Como é fácil abandonar a verdade! Meu Deus é a concupiscência, essa tendência natural de você fazer o que não é o certo! É a hora do martírio.


É claro que queremos uma vida mais fácil. Ser honesto é martírio. Não é fácil ser honesto. De nada vale sermos uma potência mundial como nação, se não nos qualificarmos como pessoa.


 “Martírio é não negarmos Jesus como nosso verdadeiro referencial.” Pedro olhava para João e via o que Jesus tinha feito na vida dele, mesmo sem que Jesus estivesse mais ali. Eles seguiam Cristo no cristão.Ele está no meio de nós! 


 Quando você abre a gaveta dos seus pecados, o baú das misérias e você se decide a caminhar com Cristo, isso é viver o martírio no dia a dia. Saiba que os seus martírios não foram em vão: Jesus já está transparente em você. Prepare-se para martirizar tudo aquilo que em você não é bonito e nem é bom. Se você quiser ser semelhante a Jesus, renuncie tudo que te paralisa nessa vida. Se você estiver disposto a essa semelhança prepare-se para lutar contra você mesmo.


Olhe com coragem para você! Não tenha medo de arrancar as ervas daninhas que você já produziu na vida. Você tem que retirar da sua vida, tudo que tira sua fertilidade. Senhor liberte-nos das nossas misérias, de tudo aquilo que nos deixa amedrontados. Seja de Deus! Seja mártir do Senhor! A Igreja precisa de você e do seu testemunho! Não tenha medo! Deus conta com você!


Padre Fábio de Melo


Transcrição e Adaptação: Cristiane Viana(@vianacn)

Fonte:Canção Nova http://www.cancaonova.com/portal/canais/eventos/novoeventos/cobertura.php?cod=2755&pre=7703

Padre Fábio de Melo_Missa e Homilia _ Acamp.C.N.Sertaneja_"Sertão de Deu...

Canção Nova Sertaneja- Homilia Pe. Fábio de Melo - O amor é território d...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Se sua manhã não der certo...

Se sua manhã
não der certo,
inaugure sua tarde. 
Padre Fabio de Melo

Saudades...


Reflita...


Boa Noite! Feliz Páscoa!


"Se pela força da distância tu te ausentas...


“Se pela força da DISTÂNCIA 

 tu te ausentas... 

 pelo poder que há na SAUDADE 

 voltarás.” 

 Padre Fábio de Melo

Acreditar em si mesmo.

O maior inimigo que nós podemos ter na vida não está de fora. O maior inimigo que nós podemos ter na vida está aqui dentro, sou eu, eu é que faço perder. Durante muito tempo eu pensei que os meus problemas fossem causados pelas pessoas que estavam de fora, mas não é verdade. O maior problema quem causa somos nós, é o tanto que a gente deixa o outro nos afetar, é o tanto que a gente deixa o outro nos dominar. O primeiro passo para mudança tem que ser meu, eu é que tenho que tomar posse dessa mudança e reorientar a minha vida então se eu cometi erros demais no passado, eu preciso me reconciliar com eles agora. Não é possível a gente continuar a vida sem fazer esse processo da reciclagem do que passou. O passado tem que ser reciclado. Da mesma maneira que o rio precisa ser purificado, eu também preciso dessa purificação todos os dias porque se não daqui a pouco eu sou um lugar insuportável para os outros. Pessoas são semelhantes aos rios, gente, nós vamos vivendo um processo de poluição... passa um joga um lixo, passa um joga uma garrafa. O ser humano é a mesma coisa, por onde você já passou por essa vida, o que foi que os outros jogaram em você e que você não retirou das águas? Se a gente não põe em ordem os sentimentos do dia, se a gente não faz uma triagem das coisas, nós vamos nos transformando num rio poluído. Sou eu que tenho que acreditar em mim, não é o outro que tem que ficar olhando pra mim e dizendo ‘eu acredito em você’. O que vai convencer o outro de que eu estou mudado e reconciliado com o meu passado não é o que eu falo, é o que eu vivo! E o que nós precisamos muitas vezes é firmar um novo jeito de viver. O que às vezes falta em nós é justamente essa coragem, determinação, de tirar logo as coisas que estão nos incomodando. Vamos pra frente, minha gente! Pra que ficar lamentando o que não deu certo, pra que ficar lamentando aqui o lixo que jogaram em mim naquele dia ou a poluição que me causaram. Eu agora estou diante de tudo isso, preciso dar um jeito, não tenho como negligenciar essa limpeza, sou eu que tenho que fazer, o inimigo não está fora, o inimigo está é aqui dentro e se tem alguém que pode fazer eu perder esse jogo sou eu mesmo. Quantas pessoas na vida não conseguem chegar lá, não conseguem alcançar os objetivos porque entregam os pontos antes da hora? Não teimam. Gente, nós temos que ser teimosos e Jesus nos ensina isso, essa teimosia bonita, né: eu quero isso, eu vou lutar por isso porque eu acredito no valor disso. É como você amar alguém, não desistir, porque você está vendo o que o outro ainda não viu.

Padre Fábio de Melo

'E assim eu vou... E assim eu sigo...'


"E assim eu vou... E assim eu sigo...

Mas gostaria que você seguisse comigo também!

Vamos juntos da mesma forma que o Boiadeiro,

Vai conduzindo sua boiada, corda na mão, laços firmes,

Para lançar esperanças!

Olho fixo no destino que nos espera!

A estrada é longa... não importa...

A beleza da paisagem vai nos aliviar o cansaço da viagem!"


Padre Fábio de Melo!

"Não há nada que se possa dizer contra aquilo que está na Bíblia."


Nós precisamos evangelizar

Nós precisamos evangelizar cada vez mais com a força da diferença. Porque gente que faz o convencional, nós já temos. Gente que atinge as pessoas comuns, nós já temos. Nós precisamos encontrar métodos, formas e pessoas que tenham facilidade de chegar naquele lugar que os convencionais não chegam...

Padre Fábio de Melo!

Deus é capaz de trocar reinos por ti!


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Padre Fábio de Melo - Lançamento do CD Estou aqui



Padre Fábio de Melo - Estou Aqui

O bom filho à casa torna. Mesmo aqueles que nunca saíram de fato da casa, como o Padre Fábio de Mello. Mas neste 16º CD em 15 anos de carreira, os caminhos de cantor o levaram a abrangência além de canções religiosas. Estou Aqui marca, assim, seu retorno por inteiro em 13 músicas aos temas religiosos, que são parte de sua conversão e fazem valer seu aposto “Poeta do Evangelho”.

Uma hora e três minutos de temas elevatórios, batizados com uma frase e título de canção que o padre diz ser muito significativo, “Estou Aqui”, de Roberto e Erasmo Carlos.

“É um atrevimento regravar Roberto (Carlos). Mas corri o risco com muita alegria, pois a música está no meu coração. Estou Aqui é uma expressão que gosto muito, é simbólica, reporta a disponibilidade, responsabilidade e minha identidade sacerdotal”, diz o padre.

Como cantor, fez justiça à composição original. E criou um clima belíssimo e envolvente para a letra com piano e violão em primeiro plano.

Antes disso, o disco abre com uma homenagem à Jornada Mundial da Juventude, “A Esperança Entre Nós”, canção que dá o tom do trabalho e da comunhão que permeia o CD, com vocal dividido entre o padre, Adriana Arydes, Leandro Santos, Lucimare Nascimento e Olivia Ferreira.

A crocância do disco é garantida pelo bom gosto do padre na escolha do repertório e arranjos, executados por Bozo Barretti e Mauricio Piassarollo, e a batuta do produtor Guto Graça Mello.
“Admiro o Guto há muitos anos, e tinha certeza que quando trabalhasse com ele faria o melhor disco da minha carreira”, afirma o padre.

Assim, “Estou Aqui” é climático em canções marcadas por saxofone como “Nunca Pare de Lutar” e “Espírito Santo Repousa”. A última, uma das duas inéditas, ao lado de “Abrindo Mares”, igualmente climática.

O trabalho caminha pela percussão e violão de aço (e arranjo vocal primoroso) em “Seu Amor É Demais”, e tem o estofo na íntegra das Cordas da Orquestra Sinfônica de Heliópolis.

O trabalho da orquestra se torna marcante ao lado da voz do padre em “Ao Coração” e “Diante do Rei”, que também tem reforço de trompete e trombone. Se nesta a música a magia acontece em crescente, em “Tom de Calma” o efeito é suingado ao lado de guitarra.

Já em “Simplesmente José”, o instrumento de seis cordas é deixado de lado em versão jazzística de bateria e baixo. Violão e piano e cordas dão o tom em “Guardião” e “Lugares”, e mais uma vez a vibração contagiante à casa torna com o gran finale, “Faço Novas Todas as Coisas”.

Clima para cima, leveza, energia marcante passeiam pelos ouvidos ao final da hora e pouco, e mostra o acerto do padre no retorno.

Repertório

01. A Esperança Entre Nós
02. Estou Aqui
03. Nunca Pare de Lutar
04. Seu Amor É Demais
05. Ao Coração
06. Abrindo Mares
07. Diante do Rei
08. Guardião
09. Lugares
10. Simplesmente José
11. Tom de Calma
12. Espírito Santo Repousa
13. Faço Novas Todas as Coisas
Classificação: Livre.
Meia Entrada: Idosos, estudantes, assinantes O Globo e NET têm 50% de desconto.
Ponto de venda sem taxa de conveniência:
Bilheteria Theatro NET Rio todos os dias das 10:00 às 22hrs.

Fonte: Site Ingresso Rápido

sábado, 10 de novembro de 2012

Padre Fábio de Melo: A vida é igual garimpo.


A vida é igual garimpo.
Não se percebe o diamante
numa primeira olhada.
Por ser muito parecido
com o cascalho,
corre o risco
de ser jogado fora.
Cascalhos e diamantes se parecem.

A única diferença é que o diamante
esconde o brilho sob as cascas
que o revestem.

É preciso lapidar.
Pessoas são como diamantes.
Corremos o risco de jogá-las fora
só porque não tivemos
a disposição
de olhá-las para além
de suas cascas.

E então, desperdiçamos
grandes riquezas
no exercício
de alimentar pobrezas.

Padre Fábio de Melo

Imagem/Reprodução/Internet

Como é que você reage às quedas que sofre na vida?

Como é que você reage às quedas que sofre na vida? 
Como é que você administra os fracassos? 
Não há receitas mágicas que nos façam vencer os obstáculos. 
Mas ouso dizer que há um jeito interessante de olhar para as quedas que sofremos. 
É só não permitir que elas sejam definitivas. É só NÃO PERDER DE VISTA A PRIMAVERA QUE O OUTONO PREPARA.. 
Administre bem os problemas que você tem, não permita que o contrário aconteça. 
Se você não administrá-los, eles administrarão você.
Deus lhe quer vencedor, a vitória já está preparada feito o presente que está embrulhado 
e que precisa ser aberto. Não perca tempo! 
JÁ COMEÇOU VENCER AQUELE QUE SE LEVANTOU PARA RECOMEÇAR O CAMINHO.

Padre Fábio de Melo

Estou aqui



A primeira leitura nos apresenta algo lindo, acompanhemos: “Disse eu então: Ai de mim, estou perdido! Sou apenas um homem de lábios impuros, mas eu vi com meus olhos o rei, o Senhor dos exércitos”. (Is 6,5).

O profeta Isaías reconhece suas misérias, tem consciência de seus limites, mas não tem medo de confiar, ele enxergou o Senhor dos exércitos, por isso foi capaz de dá o outro passo, também descrito na Palavra de Deus: “Ouvi a voz do Senhor que dizia: Quem enviarei? Quem irá por nós? Eu respondi: Aqui estou! Envia-me” (Is 6,8). 

Esta leitura possui ampla ressonância com o Evangelho (Mt 10,24-33), São Mateus afirma que o servo não pode ser acima do seu senhor, precisa ser apenas como o ele, esta é uma grande lição de humildade. Mas para agir conforme à vontade do mestre, o discípulo precisa está conectado o Senhor. 

O profeta Isaías viveu esta realidade, foi falar em nome do Senhor, assumiu que era apenas um discípulo e seguiu confiante, mesmo diante da sua condição de miséria, ele afirmava sou um homem lábios impuros, o Senhor não o abandonou, enviou a ele um anjo, este o tocando seus lábios, retirou todas as suas culpas. 

Quando o Senhor nos toca, Ele retira todas as nossas culpas, isto porque, no seguimento ao Senhor não podemos viver de forma pesada. Assim, para o anúncio do Reino de Deus é preciso nos desvincilharmos de tudo o que nos amarra, tudo o que nos torna pesados. 

Um dos maiores empecilhos no seguimento ao Senhor é caminhar sem leveza, e na maioria das vezes, o “peso”, se manifesta quanto aos nossos afetos. Por isso é tão importante a castidade, e este dom, não se refere apenas aos religiosos, os casados também são chamados a vivê-la, pois ninguém pode ocupar o lugar de Deus em nosso coração, devemos ser livres interiormente, pois quem manda em nosso coração é Deus.

Liberdade não quer dizer fazer aquilo que quero, conheço muitas pessoas que estão perdidas fazendo o que querem, ora, não pode haver liberdade onde há autodestruição. 

A outro grane peso, que é a interpretação que temos sobre os outros, não podemos viver como idólatras, colocando as pessoas no lugar de Deus em nossa vida, principalmente, os padres, pastores, e outros, estes são apenas meios. 

Não coloque sobre eles o julgo da idolatria, não podemos admiti-la, pois ninguém tem o direito de ficar no lugar de Cristo. Você não tem o direito de colocar ninguém no lugar Dele. 

A liberdade interior é absolutamente necessária para o seguimento a Jesus, por isso, precisamos nos rever. Onde estamos ficando presos, acorrentados nas pessoas? Quando somos livres fazemos a mesma experiência dos discípulos, do profeta, por isso, o Senhor quer nos libertar de tudo o que escraviza-nos.
Inúmeras vezes trocamos a experiência com Jesus, pela experiência com as pessoas, e isto faz com que ficamos presos. Porém, o chamado de Deus para nós é outro, Ele quer entrar em nossa vida, queimando tudo o que nos amarra, escraviza, para vivermos a experiência do Evangelho, que diz: “Não tenhais medo deles, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno! (Mt 10, 26-28) 

Assim, aquilo que foi nos falado ao coração precisamos anunciar nos telhados, livres, sem medo, mesmo que diante de um mundo onde cresce ferozmente a imoralidade, o pecado, nós não podemos ter medo, pelo contrário, com ousadia, temos que conhecer cada vez mais o mestre, para sermos instrumento de libertação na vida das pessoas. 

Por isso, não tenha medo, mesmo que você seja como o profeta, alguém de lábios impuros, Ele te chama, quer colocar uma brasa em seus lábios para anunciar o Evangelho. 

Como a Palavra de Deus não pode ficar sem compromisso, hoje o Senhor te pergunta: Quem enviarei 
(Is 6,8). 

Qual será sua resposta? 

O mundo precisa de pessoas capazes de responder, e comprometer-se com o Senhor. Em nossos lares muitas vezes não somos sinais de Cristo, esperamos que os outros sejam, cobramos as pessoas, mas nós mesmo não comprometemos, não temos coragem de fazermos como o profeta, mas o Senhor pergunta: Quem enviarei? Ele nos chama a crê, testemunhar inclusive por aqueles que não creem, mas insistimos em nivelarmos por baixo nossa vida, desperdiçamos inúmeras oportunidade de amá-lo. 

Ora, o viajante honesto não é aquele que fica triste diante da distância que irá percorrer, mas sim aquele que se alegra por ter dado o primeiro passo, por ter se colocado a caminho. 

A boa notícia que temos é saber que não estamos sozinhos, encontramos na história da salvação, no dia a dia, muitas pessoas que como o profeta – homem de lábios impuros, no encontro com o Senhor se tornaram grandes homens, livres, alegres, verdadeiros discípulos. 

Tenha a disposição de transformar tudo o que você viveu em instrumento para evangelização, deixe-se tocado pela brasa do Senhor, e seja um homem novo, não viva como se você não estivesse ligando com as coisas e com as pessoas, pelo contrário, você é chamado a cantar: 

“Estou aqui pra ser amado e te amar, Te olhar nos olhos e deixar-me apaixonar, Diante de Ti pra me render ao Teu amor, E confessar minhas fraquezas; sou pecador, Também estou aqui pra pedir perdão, Pelas almas que ainda não buscam Teu coração Te amar por quem não Te ama, Te adorar por quem não Te adora, Esperar por quem não espera em Ti, Pelos que não creem  Eu estou aqui! 

Portanto, mesmo que o outro não crê, não mereça, somos chamados anunciar nos telhados as maravilhas que o Senhor fez em nós, está é a ordem de Deus, mas para isso, precisamos ter a disposição para colocarmos diante da aventura do seguimento ao Senhor, isto é, amar aqueles que não merecem. 

 Deus nos dá o direito de ficarmos calado, mas espera que respondamos como o profeta: “Aqui estou! Envia-me”.

Assuma este belo compromisso com o Senhor, não tenha medo, anuncie com a vida seu amor por Ele, deixe-se ser tocado pela brasa que vem do céu, e diga: 

Aqui estou! Envia-me”.

Deus nos abençoe. 

Padre Fábio de Melo

Amor: processo de continuidade

Sempre que escutamos a Palavra do Senhor, por aquilo que Deus é, podemos ter um pouco de dificuldade, mas Sempre que escutamos a Palavra do Senhor, por aquilo que Deus é, podemos ter um pouco de dificuldade, mas a Palavra do Senhor tem força. A palavra do outro pode passar pela falsidade, mas a Palavra de Deus não, pois é o Caminho. É como ir a um lugar sem ter um caminho a seguir, caso contrário, nos perderemos. Se quiser ser de Deus, terá que viver as duas vias do Senhor: ‘Amarás ao Senhor teu Deus e ao próximo como a ti mesmo’. O que você entende por esta palavra 'amor'? 

É impressionante o quanto o amor de Deus nos toca. Os poetas sempre tentaram decifrar o amor, mas nunca conseguiram. Assim como Luiz de Camões em seu poema: ‘O amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer’. O amor não se poetiza. Quantas vezes sentimos o amor e não sabemos onde realmente dói? O amor é revelação, inauguração, tem o poder de ser novo com aquilo que estava velho. 

Jesus sabe da capacidade de olhar as coisas miúdas da vida, as que não damos valor, e aquelas que ninguém havia visto antes. Colocando os pés no seguimento de Cristo, ouvimos a Palavra para olhar a vida diferente: ‘Amar a Deus sobre todas as coisas’. E o que significa amar o meu próximo? O que significa olhar para o meu irmão e saber que nele tem uma sacralidade que não posso violar? Como posso descobrir este convite de Deus de abrir os olhos às pessoas? No dia de hoje, lhe proponho que acabe com os 'achismos' do amor. Por muitas vezes, em nome do amor, nós fazemos absurdos: sequestramos  matamos, fazemos guerra, criamos divisões. A primeira coisa que Deus precisa curar é o que nós achamos do amor. 

O amor nos dá uma força que nem nós mesmos sabíamos que tínhamos. É a capacidade que o amor tem de nos costurar. Quantas vezes olhamos para a objetividade do outro que nos motiva a sermos melhores. É o amor com suas clarezas e suas confusões. 

 Quando Deus entra em nossa vida e entramos na vida de outras pessoas, temos que entrar como Deus, agregando valores. Caso contrário é melhor que eu fique de fora, porque você é um território que merece respeito. 

 Essa Palavra de Deus é comprometedora. É fazer as pessoas amarem a Jesus pelo seu testemunho, a partir do momento em que você permite transmiti-lo, nesta realidade do dia-a-dia, ao acordar e dormir. 

Na passagem da sarça ardente (Ex 3,2ss ) Deus se manifesta em uma árvore que pega fogo mas não é consumida. Esse é o amor de Deus: Quanto mais nós amamos, mais somos consumimos, e se estamos esgotados é porque amamos ‘de menos’. Vamos ficando sem o vigor, mas a sarça queima sem se consumir. O fogo do amor não queima, pois é um fogo que faz outro fogo, e a experiência do amor de Deus é feita pelo amor de um para o outro. Amar o outro é levar prejuízo. Quantas vezes você passou noites inteiras acordadas pelo seu filho? Quanto sono perdido? Isso é por amor.
Você vai saber o que é amor quando você se consome, mas não se esgota. Você nunca vai dizer que está cansado de amar o seu filho. Você está cansada dos problemas causados pelo filho, mas não de amá-lo.


Quantas pessoas que procuram e estão necessitadas do amor, mas em sua busca correndo atrás das micaretas e baladas? A busca do amor está aguçada. Está todo mundo querendo saber o que é o amor, e todos precisando de cura. Quantas pessoas foram amadas erroneamente, trazendo as marcas de um amor estragado. 

Quando alguém nos ama com um amor estragado, só se percebe em longo prazo. Como comer uma comida podre que vai dar um problema sério no futuro. Aquele desaforo, aquela traição, aquela mentira e o que você fez com tudo aquilo? Como aquilo repercutiu em você? Aquela experiência ruim que sofreu, onde está? 

Quando digo que amo a Deus, estou dizendo no avesso desta frase que amo a mim também. Nenhuma pessoa pode amar a Deus se não se ama. Nenhuma pessoa pode ter uma experiência com Deus se não for pelo amor a si próprio, pelo respeito por si mesmo. O amor a Deus passa o tempo todo pelo cuidado que eu tenho com a minha vida, com a minha história. 

Deus nos quer cuidados. Você precisa redescobrir a graça de se amar. Quanto você se ama? O que você ainda espera de você mesmo? Como você ainda se cuida? O quanto você ama a Deus? O que você faz por Ele? Quanto do seu tempo dedica a Ele? As mesmas respostas das primeiras perguntas valem para as segundas. O tempo em que você se dedica a Deus, dedica a você mesmo; pois a obra que Ele quer restaurada é você. 

‘Se quiser entrar em minha vida retira as sandálias, pois esse solo é santo’. O amor que tenho a meu Deus é um amor a mim mesmo. Deus quer ser glorificado através de mim. Não haverá a possibilidade de sermos santos se não retirarmos de nós as 'podridões'. Tenha coragem de tirar as histórias do passado que doem e que você as carrega até o dia de hoje. 

O alvo deste acampamento, não é o amor que você tem a Deus, mas é o amor que você tem a você mesmo, que é determinante para saber a sacralidade do outro. A gênese da nossa capacidade de amar o outro, está na incapacidade de não me amar. A conversão é um movimento contrário, para amar a si mesmo. É impossível uma pessoa que se ama se drogar, ou deixar uma outra pessoa jogar para dentro de si uma substância letal. Como sou capaz de amar o próximo como a mim mesmo, se ainda não me amo? 

 Faça caridade a você primeiro. Os seus amigos irão agradecer por você se amar. Quando o amor nos atinge, seremos mais felizes. Vamos experimentar da graça e dar a graça ao outro também. Um povo que se ama é um povo que sabe aonde vai. O amor a Deus e ao próximo é um amor a si mesmo. Eu ainda acredito no que Deus pode em mim. Volte a gostar de você! 

 Padre Fábio de Melo

Textos de Padre Fábio de Melo

A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a ideia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver. 

Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes. 

Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós,será plantação que poderá ser vista de longe... 

Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!" 

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura. 

Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos! 

Infelicidade, talvez seja o contrário. 

O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã! 

Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra. Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas. 

Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores... 

Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa. 

Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam... 

Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...  

Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena... 

Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade... 

Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo. 

 Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo. 

Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz. 

Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida. 

Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito... 

A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..." 

Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões. 

Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma. 

Isso prova que Ele ainda acredita em você. E se Ele ainda acredita, quem sou eu pra duvidar... (?) 

(Padre Fábio de Melo)

Ninguém merece ser sozinho

O seu coração sabe disso, porque certamente já experimentou o amargo sabor da solidão. 
É no encontro com o outro que o eu se afirma e se constrói existencialmente. O outro é o espelho onde o eu se solidifica, se preenche, se encontra e se fortalece para ser o que é. O processo contrário também é
verdadeiro, pois nem sempre as pessoas se encontram a partir desta responsabilidade que deveria perpassar as relações humanas.
Você, em sua pouca idade, vive um dos momentos mais belos da vida. Você está experimentando o ponto alto dos relacionamentos humanos, porque a juventude nos possibilita ensaiar o futuro no exercício do presente. Já me explico. Tudo o que você vive hoje será muito importante e determinante para a sua forma de ser amanhã.
Neste momento da vida, você tem a possibilidade de estabelecer vínculos muito diversificados. Família, amigos, grupos de objetivos diversos, namorados e namoradas. Principalmente esses últimos, que não são poucos. Namora-se muito nos dias de hoje, porque as relações humanas estão cada vez mais instáveis e, por isso, menos duradouras. Parece que o amor eterno está em crise.
Quando paramos para pensar um pouco, chegamos à conclusão de que o problema está justamente na forma como estabelecemos os nossos relacionamentos.
O grande problema é que geralmente investimos todas as nossas cartas naquela pessoa nova que chegou. Ela passa a centralizar a nossa vida, consumindo nosso tempo, nossos afetos, nossos pensamentos e nossas energias. Tudo passa a convergir para ela e, com isso, vamos reduzindo o nosso círculo de relações. O outro vai tomando tanto nossa atenção que, aos poucos, até mesmo a família vai sendo esquecida.
Porém, quando esquecemos de cultivar estes vínculos que até então faziam parte de nós, vamos criando lacunas afetivas dentro do nosso coração. É nesse momento que a confusão acontece, pois todas as necessidades começam a ser preenchidas pela pessoa enamorada. Com o passar do tempo, ela começa a carregar um fardo muito pesado, pois passou a exercer a função de pai, mãe, irmão e amigo, quando na verdade ela é apenas um namorado, ou namorada.
Cada forma de amor no seu lugar! 

Padre Fábio de Melo

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Eu, quando visto pelo outro.

Quem sou eu? Eu vivo pra saber. Interessante descoberta que passa o tempo todo pela experiência de ser e estar no mundo. Eu sou e me descubro ainda mais no que faço. Faço e me descubro ainda mais no que sou. Partes que se complementam. 

O interessante é que a matriz de tudo é o "ser". É nele que a vida brota como fonte original. O ser confuso, precário, esboço imperfeito de uma perfeição querida, desejada, amada. 

Vez em quando, eu me vejo no que os outros dizem e acham sobre mim. Uma manchete de jornal, um comentário na internet, ou até mesmo um email que chega com o poder de confidenciar impressões. É interessante. Tudo é mecanismo de descoberta. Para afirmar o que sou, mas também para confirmar o que não sou. 

Há coisas que leio sobre mim que iluminam ainda mais as minhas opções, sobretudo quando dizem o absolutamente contrário do que sei sobre mim mesmo. Reduções simplistas, frases apressadas que são próprias dos dias que vivemos. 

O mundo e suas complexidades. As pessoas e suas necessidades de notícias, fatos novos, pessoas que se prestam a ocupar os espaços vazios, metáforas de almas que não buscam transcendências, mas que se aprisionam na imanência tortuosa do cotidiano. Tudo é vida a nos provocar reações. 

Eu reajo. Fico feliz com o carinho que recebo, vozes ocultas que não publico, e faço das afrontas um ponto de recomeço. É neste equilíbrio que vou desvelando o que sou e o que ainda devo ser, pela força do aprimoramento. 

Eu, visto pelo outro, nem sempre sou eu mesmo. Ou porque sou projetado melhor do que sou, ou porque projetado pior. Não quero nenhum dos dois. Eu sei quem eu sou. Os outros me imaginam. Inevitável destino de ser humano, de estabelecer vínculos, cruzar olhares, estender as mãos, encurtar distâncias. 

Somos vítimas, mas também vitimamos. Não estamos fora dos preconceitos do mundo. Costumamos habitar a indesejada guarita de onde vigiamos a vida. Protegidos, lançamos nossos olhos curiosos sobre os que se aproximam, sobre os que se destacam, e instintivamente preparamos reações, opiniões. O desafio é não apontar as armas, mas permitir que a aproximação nos permita uma visão aprimorada. No aparente inimigo pode estar um amigo em potencial. Regra simples, mas aprendizado duro. 

Mas ninguém nos prometeu que seria fácil. Quem quiser fazer diferença na história da humanidade terá que ser purificado neste processo. Sigamos juntos. Mesmo que não nos conheçamos. Sigamos, mas sem imaginar muito o que o outro é. A realidade ainda é base sólida do ser. 

Padre Fábio de Melo 
Retirado do Site Oficial do Padre Fábio de Melo 

O que da vida não se descreve...

Eu me recordo daquele dia. O professor de redação me desafiou a descrever o sabor da laranja. Era dia de prova e o desafio valeria como avaliação final. Eu fiquei paralisado por um bom tempo, sem que nada fosse registrado no papel. Tudo o que eu sabia sobre o gosto da laranja não podia ser traduzido para o universo das palavras. Era um sabor sem saber, como se o aprimorado do gosto não pertencesse ao tortuoso discurso da epistemologia e suas definições tão exatas. Diante da página em branco eu visitava minhas lembranças felizes, quando na mais tenra infância eu via meu pai chegar em sua bicicleta Monark, trazendo na garupa um imenso saco de laranjas. A cena era tão concreta dentro de mim, que eu podia sentir a felicidade em seu odor cítrico e nuanças alaranjadas. A vida feliz, parte miúda de um tempo imenso; alegrias alojadas em gomos caudalosos, abraçados como se fossem grandes amigos, filhos gerados em movimento único de nascer. Tudo era meu; tudo já era sabido, porque já sentido. Mas como transpor esta distância entre o que sei, porque senti, para o que ainda não sei dizer do que já senti? Como falar do sabor da laranja, mas sem com ele ser injusto, tornando-o menor, esmagando-o, reduzindo-o ao bagaço de minha parca literatura?

Não hesitei. Na imensa folha em branco registrei uma única frase. "Sobre o sabor eu não sei dizer. Eu só sei sentir!" 

Eu nunca mais pude esquecer aquele dia. A experiência foi reveladora. Eu gosto de laranja, mas até hoje ainda me sinto inapto para descrever o seu gosto. O que dele experimento pertence à ordem das coisas inatingíveis. Metafísica dos sabores? Pode ser... 

O interessante é que a laranja se desdobra em inúmeras realidades. Vez em quando, eu me pego diante da vida sofrendo a mesma angústia daquele dia. O que posso falar sobre o que sinto? Qual é a palavra que pode alcançar, de maneira eficaz, a natureza metafísica dos meus afetos? O que posso responder ao terapeuta, no momento em que me pede para descrever o que estou sentindo? Há palavras que possam alcançar as raízes de nossas angústias? 

Não sei. Prefiro permanecer no silêncio da contemplação. É sacral o que sinto, assim como também está revestido de sacralidade o sabor que experimento. Sabores e saberes são rimas preciosas, mas não são realidades que sobrevivem à superfície. 

Querer a profundidade das coisas é um jeito sábio de resolver os conflitos. Muitos sofrimentos nascem e são alimentados a partir de perguntas idiotas. 

Quero aprender a perguntar menos. Eu espero ansioso por este dia. Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei. Quero que a matriz de minhas alegrias seja o que da vida não se descreve... 

Padre Fábio de Melo

Retirado do Site oficial do Padre Fábio de Melo