quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Deus é Pai (Pe. Fabio de Melo)

Quando o sol ainda não havia cessado seu brilho, 
Quando a tarde engolia aos poucos 
As cores do dia e despejava sobre a terra 
Os primeiros retalhos de sombra 
Eu vi que Deus veio assentar-se 
Perto do fogão de lenha da minha casa 
Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça 
E buscou um copo de água no pote de barro 
Que ficava num lugar de sombra constante. 
Ele tinha feições de homem feliz, realizado 
Parecia imerso na alegria que é própria 
De quem cumpriu a sina do dia e que agora 
Recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe. 
Eu o olhava e pensava: 
Como é bom ter Deus dentro de casa! 
Como é bom viver essa hora da vida 
Em que tenho direito de ter um Deus só pra mim. 
Cair nos seus braços, bagunçar-lhe os cabelos, 
Puxar a caneta do seu bolso 
E pedir que ele desenhasse um relógio 
Bem bonito no meu braço 
Mas aquele homem não era Deus, 
Aquele homem era meu pai 
E foi assim que eu descobri 
Que meu pai com o seu jeito finito de ser Deus 
Revela-me Deus com seu 
Jeito infinito de ser homem.
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