sábado, 11 de maio de 2013

Poema: RETORNO (Pe. Fábio de Melo)


RETORNO

Somente depois de ter andado por terras estranhas
É que pude reconhecer a beleza de minha morada.
A ausência mensura o tamanho do local perdido
Evidencia o que antes estava oculto,
Por força do costume.
Olhei minha mãe como se fosse a primeira vez.
Olhei como se eu voltasse a ser criança pequena
A descobrir-lhe as feições tão maternas.
Abri o portão principal como quem abria
Um cofre que resguardava valores incomensuráveis.
As vozes de todos os dias estavam reinauguradas.
Deitei-me no colo de minha mãe como se quisesse
Realizar a proeza de ser gerado de novo.
Suas mãos sobre os meus cabelos
Pareciam devolver-me a mim mesmo.
Mãos com poder de sutura existencial...
Era como se o gesto possuísse voz,
Capaz de me dizer:
Dorme meu filho, porque enquanto você dormir
Eu lhe farei de novo.
Dorme meu filho, dorme...

Do livro: Quem me roubou de mim?
Pe. Fábio de Melo

Nenhum comentário:

Postar um comentário