sábado, 22 de fevereiro de 2014

Padre Fábio de Melo afirma: a religião vem primeiro lugar!

Padre Fábio de Melo admite ser vaidoso, mas diz que até na hora de dar autógrafo a religião vem primeiro lugar



Padre Fábio na igreja Nossa Senhora de Montserrat, no Mosteiro de São Bento
Foto: Pércio Campos /
Naiara Andrade
Assim como os outros 31 monges do Mosteiro de São Bento, no Centro do Rio, Dom Filipe Silva, de 50 anos, leva uma vida simples, de clausura, voltada para as orações. Sua vestimenta costumeira é o hábito preto, adornado por um crucifixo prateado no pescoço. Acorda às 4h30m da madrugada e se recolhe por volta das 20h15m. Encontra a família apenas uma vez por ano. À televisão, só assiste em ocasiões muito especiais, como na transmissão desta visita do Papa Francisco ao Rio.
Aos 42 anos, Padre Fábio de Melo tem residência fixa em Taubaté, interior de São Paulo, mas mal permanece por lá. Com uma agenda agitada de apresentações Brasil afora, vive hospedado em hotéis ou casas de amigos a cada cidade que visita. Vende milhões de discos e livros, e seu dia a dia é dividido entre celebrações religiosas, shows musicais, gravações de programas para TV e rádio e palestras religiosas. O padre que é pop não usa batina, mas jeans justo e camisas moderninhas. À televisão, assiste pouco, por pura falta de tempo. Mas, para a alegria de fãs e fiéis, está sempre do lado de lá da telinha, participando de alguma atração junto a artistas famosos.

Tenho um cotidiano corrido, mas já tive a oportunidade de fazer retiros e ficar 15 dias em silêncio. Sinto falta disso
Padre Fábio de Melo

Nos últimos dias, em meio aos burburinhos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que termina neste domingo, e sob os olhares de dezenas de peregrinos do mundo inteiro, as realidades dos dois sacerdotes se encontraram. A convite da Canal Extra, Padre Fábio reservou um tempo na semana em que marcou presença na maioria dos atos centrais do evento, quase que como cicerone — o ponto alto foi cantar “Seja bem-vindo”, música especialmente composta por ele para acolher o papa —, para conhecer o mosteiro carioca e sua belíssima igreja dourada, toda em estilo barroco, que data do século 17. Ele também acompanhou um pouco da oração dos monges e seu canto gregoriano.
— De vez em quando, busco essa vida recolhida que eles têm, sem TV nem celular. Tenho um cotidiano corrido, mas já tive a oportunidade de fazer retiros e ficar 15 dias em silêncio. Sinto falta disso — suspirou o religioso, após enfrentar duas horas e meia de trânsito da Barra ao Centro da cidade.
Enquanto os demais monges observavam, curiosos, a postura do padre garotão, Dom Filipe fazia as honras da casa. Com modo de vida tão oposto à do colega, o abade opinou sobre a importância de um trabalho diferenciado como o de Padre Fábio dentro do catolicismo:
— Creio que há uma sinceridade da parte dele no que realiza. Deus usa as pessoas como elas são para serem instrumentos. Então, se a obra é boa, se a intenção é reta, os meios não são tão relevantes assim. Seja pelo rádio, pela televisão ou pela música, o importante é que ele seja sincero. Que a graça não lhe falte pra que permaneça firme nesse propósito, já que imagino que receba muitas críticas e restrições.
Mesmo sem saber, o monge acertou. Padre Fábio é alvo de críticas desde que decidiu evangelizar através de sua música:
— Sou criticado até dentro de casa (da Igreja), pelos colegas. Mas, sem críticas, a vida não é possível. Se honestas, me fazem crescer.
O dom de cantar
O teólogo agradece quando elogiam sua voz, mas não acredita que cante tão bem assim...
— Gosto mais da minha interpretação do que da minha voz. Não tenho técnica alguma, nunca estudei música. É um mistério. Talvez o segredo seja eu cantar na mesma região em que falo, não buscando tons muito altos. E não bebo, não fumo, tenho boa alimentação.

Cuido da minha saúde e da aparência, nunca escondi isso. Sou vaidoso, sim. Só presto atenção para que essa vaidade não se torne um defeito
Padre Fábio de Melo

A vida saudável, acrescida de uma rotina de exercícios físicos, faz de Fábio de Melo uma figura atlética e atraente, no sentido mais casto da palavra.
— Cuido da minha saúde e da aparência, nunca escondi isso. Sou vaidoso, sim. Só presto atenção para que essa vaidade não se torne um defeito. Faz parte do meu ofício de homem público andar bem arrumado, estar apresentável nos lugares a que vou — afirma Padre Fábio, sempre assediado por fãs ardorosas: — Às vezes, elas ainda passam dos limites, ficam fixadas em mim e não naquilo que estou anunciando. Preciso contornar com educação.
Artista, sim
Aos pedidos de fotos e autógrafos, ele conta, atende como padre, e não como artista. Embora também se considere um.
— Seria hipocrisia da minha parte dizer que não sou um artista. Acredito na minha arte e sei que ela faz bem ao coração das pessoas. Mas meu autógrafo é de padre. Nunca faço um só para preencher um papel. Tenho sempre uma palavra de carinho. Sou naturalmente afetuoso — conta ele, que mantém contato diariamente com os fiéis através do Twitter: — Cheguei a achar que vida virtual era bobagem, mas é impressionante como a mensagem de alguém que a gente nunca viu pode criar um acalento dentro de nós. E tem muita gente com senso de humor apurado nas redes. Isto torna a vida mais leve.
Amigo de celebridades como Xuxa, Elba Ramalho e Fafá de Belém, Padre Fábio entende que é bom também ser famoso quando quebra preconceitos, divulgando a palavra de Deus em meios não religiosos.
— O ruim é que fico privado de ser quem realmente sou, de me exercer na simplicidade, de celebrar uma missa sem que isso se torne um evento. Fico privado de um cotidiano que me faz bem, que eu preciso viver.



Padre Fábio de Melo troca experiências com Dom Filipe Silva, abade do mosteiro
Fonte: http://extra.globo.com/noticias/rio/jmj-2013/padre-fabio-de-melo-admite-ser-vaidoso-mas-diz-que-ate-na-hora-de-dar-autografo-religiao-vem-primeiro-lugar-9208225.html

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