quinta-feira, 11 de abril de 2013

O encanto de ser pessoa

Nisso consistem os dois pilares do conceito de "pessoa". Possuir-se para disponibilizar-se. É a vida na prática, é a trama da existência e sua riqueza insondável. Encontros e despedidas. Passagens transitórias, chegadas definitivas. Vida se desdobrando em pequenas partes. Eu me encontrando, surpreendendo-me, como se ainda não soubesse nada sobre mim. Eu misturando minha vida na vida do outro, encontrando-o, permitindo que nossos significados nos congreguem. Eu abandonando a solidão de minha condição de posse de mim mesmo para alcançar a proeza de ser com o outro. Antes, a solidão do eu; depois, o estabelecimento do nós. Encontro de pessoas. Um eu que se encontra com um tu e que juntos estabelecem um nós.

Martim Buber, grande nome da filosofia personalista, nos propõe esta bela e fecunda verdade. No encontro entre um eu e um tu, uma terceira pessoa de existência própria se estabelece. Nossos olhos não podem enxergá-la, mas a nossa sensibilidade nos aponta para ela. O nós é o que sobra do encontro entre o eu e o tu.

Quem me roubou de mim? O sequestro da subjetividade e o desafio de ser pessoa
Autoria: Padre Fábio de Melo

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